"PALAVRAS NÃO SÃO A ÚNICA MANEIRA DE SE DIZER ÀS PESSOAS O QUE SE QUER DIZER."

04 agosto, 2023

três meses sem nosso Rajinho

Hoje fazem 3 meses daquele acidente que te feriu de um modo irreversível (03/05/2023). Três meses sem seu miado especial com o qual nos chamava todas as manhas: "mia-miau". Três meses de uma das decisões mais doloridas da minha vida: te deixar partir, te deixar partir por saber que você não teria qualidade de vida mesmo com todos os nossos esforços (04/05/2023).
Me culpo por não ter ido atrás de você aquela noite até vc voltar, me culpo por não ter te chamado e insistido pra você assistir série junto com a gente. Talvez se eu tivesse feito isso, você estivesse aqui. 
Eu sinto uma falta avassaladora da sua companhia, do seu jeitinho, do seu amor, e do seu modo de se permitir ser amado. Você tornou os dias meus e do Otto mais felizes, mais alegres, mais coloridos. Brincar e estar com você eram momentos incríveis, momentos que faziam meu coração transbordar. Quando você começou dormir comigo no sofá, você me deu momentos de muita cumplicidade, carinho, amor, amizade pertencimento e segurança. Sim eu me sentia amada por você, e eu te amava e amo muito, meu gordinho...
Sua presença foi muito importante pra mim! Eu tinha sonhos de te dar uma casinha melhor, mais segura e aconchegante, tinha o  sonho de você se sentir mais seguro, de se sentir mais confiante dentro de casa. Eu sonhei tanto, mas tanto que a chegada de um novo gatinho pudesse te aproximar ainda mais da gente, que pudesse te fazer entender que a gente te amava incondicionalmente e que dentro de casa, em qualquer parte da casa, você estaria seguro e seria feliz. 
Mas Deus não  permitiu a concretização desses sonhos. Deus te tirou da gente cedo demais, de uma forma violenta  demais. Meu coração ficou e está em pedaços. Tem sido difícil demais olhar todos os cantos e não ter você, não ter a presença do gatinho querido que nos conquistou, do gatinho querido que teve a bênção de nao ter nem fiv  e nem felv. Dói  demais ter perdido você, o gatinho que acolheu tanto o Otto quanto a mim nos momentos mais difíceis, e que passou pelas perdas difíceis da Bibi e da Angel, e que no seu tempo conseguiu se reconstruir com o nosso amor compartilhado e com a convivência de outros amiguinhos.
Eu sinto tanto a sua falta Rajinho, eu sinto tanto tanto tanto a sua falta.... dói muito não ter você com a gente presencialmente, não ter seu amor aqui pra vivenciar nos mais diversos modos de olhar, gestos e manias.  Eu te amo meu amor! Eu te amo Rajinho querido! Me desculpe por não ter conseguido evitar que você passasse por essa dor. Me desculpe por não ter conseguido te salvar, mesmo tendo tentado. Eu juro que teria feito muito mais por você se você pudesse ter uma vida terrena  com qualidade apesar do acidente. Eu faria qualquer  coisa por você, eu faria qualquer coisa pra ter você de volta. 
Se existe essa possibilidade no universo, quero  que saiba que eu adoraria conviver mais e mais com você, te dar amor, compartilhar amor... Eu te amo pra sempre Rajinho! Sinto muitas saudades! 

28 abril, 2023

A despedida do Chico

Mais um gatinho partiu da minha vida hoje. Dessa vez não pude me despedir, foi rápido, como toda partida causada pela felv. Estou falando do Chico, ou o gatão,  o gatinho preto falador que cuidava dos  filhotes que nasceram em Resende no carro do meu pai. O Chico era um gato especial, eu e a Lidiane resgatamos ele em janeiro - fevereiro de 2017. Ele estava lá com os filhotes, comecei a alimentar, ele era muito dócil, me deixava fazer carinho, me via  na janela e miava muito, me seguia, gostava de carinho, deixava eu pegar no colo. A Lidi não queria no início ficar com ele, mas faltando dois dias pra eu voltar pra Floripa, ela decidiu ficar com ele, que recebeu o nome de Chico e que tinha aproximadamente 5 anos já, e com dois filhotes que receberam o nome de Salem (macho) e Banguela (fêmea). Passei os últimos anos indo visitar eles na casa da Lidi, obviamente não somente isso, afinal.ganhei uma amiga também. Mas era sempre um prazer enorme ver que aqueles gatinhos estavam bem e felizes. O Chico lembrava e mim sempre, vinha se esfregar, miar, deitava no colo. Em nenhuma visita ele deixou de demonstrar que se lembrava da sua amiga do prédio, daquela moça que o ajudou a ter um lar. A Lidiane comentava que ele não era de ser fofinho assim com todo mundo que ia na casa dela, e isso me fazia ter certeza que ele se lembrava sim de mim. Se eu o tivesse encontrado em Floripa, ele teria morado comigo, mas como foi em Resende eu consegui a melhor casa possível pra ele, a casa da Lidiane. 
Hoje, escrevo  tudo isso para dizer que também sempre me lembrarei de você, que sempre irei visitar a Lidi e seus filhinhos, e que sempre que o fizer sentirei o coração um pouco mais apertado, pq você não estará lá em  corpo, mas apenas em alma e amor. Eu amei você a distância, mas também fiquei tranquila porque estava bem.
 Essa doença é  maldita, nenhum gatinho merecia passar por isso. Essa doença infelizmente é  uma sentença  de morte, imprevisível é  verdade, o gatinho pode viver anos, meses ou dias, mas sempre termina da mesma maneira.... é  muito triste ver o gatinho se esvair, querer viver e não conseguir...  definitivamente eles não merecem isso.  Daria tudo  pra ter consigo salvar vice Chico , pra ter salvo a Bibi também... Mas apesar da tristeza que sinto hoje, sei que você foi morar no céu da melhor maneira possível, sem sofrer, com muito carinho, cuidado e amor. Te amo meu gatão! Sentirei saudades! 

01 março, 2023

Sempre o mesmo

Medo, dor, insegurança, sentimentos alimentados dia a pós dia. Tudo que eu achava que era, se perdeu no tempo. Tudo que eu achava que podia também se  perdeu. Este caminho que trilhei fez eu não saber mais quem sou. Dificuldade em me posicionar. Dificuldade em me mostrar, em deixar aparecer o que penso e como penso. Dificuldade em me afirmar. 
Como destruir esse muro? Como conseguir sair dessa jaula? Como retirar as amarras? Nas palavras não consigo, nas atitudes não consigo, nos sentimentos não consigo, no pensamento não consigo. Por que não posso sair de dentro de mim? Por que estou presa ao meu interior? E, assim  as vendas ficam maiores, e as algemas ficam mais apertadas, e as paredes mais altas.... Como  parar o processo? Como parar a luta? Mantendo o igual, ou tentando mudar? Desistindo ou seguindo? Se seguir significa continuar na dor, no medo e  na insegurança, nao seria melhor desistir? Desistir também é  mudar, mas se pode mudar mantendo o mesmo, se pode mudar lidando com tudo isso de outra forma, uma forma que eu ainda não descobri. 

27 outubro, 2022

A virada

A mar se desdobra 
A onda bate 
Leva e trás 
Fica, se desfaz 

O mar não perdoa 
Ele engole 
Ele ressoa
Nada está,  tudo voa

Mas há tempo 
Que o mar não reage
Ele silencia e atormenta 
Diante da tempestade 
O Barco somente aguenta 

E  vem a virada
As nuvens abrem 
A calmaria se faz 
Os destroços, agora se refazem
Em pedaços aquilo que era,
Se transforma
Numa bela canção 
Que liberta 
Que vigora
Que vira o agora

11 julho, 2022

Dar pouco de si?

O que significa dar pouco? Não dar o suficiente que o outro acha que você deveria? Significa que você não consegue dar tudo que pode? Não. Definitivamente não. Dar pouco é  a perspectiva do outro. Ele não está na sua pele. Ele não está na sua mente.  Ele não  sabe o quanto custou pra você reagir nas pequenas coisas. O quanto esse pouco pra você tem sido motivo de orgulho. 
Já quis ser suficiente, já quis ser mais. Já tentei dar tudo, minha potência máxima. Mas não obtive reconhecimento.  Porque mesmo quando você dá  tudo, ele é  pouco para o outro. Sempre haverão desculpas sobre o quanto você é  capaz, o quanto falta de você, mas nunca haverá o reconhecimento do que você de melhor conseguiu alcançar, de passo em passo. 
Dar pouco, é  antes de qualquer coisa, uma fala cruel. Uma fala que diminui o outro, que cobra algo que o outro não sabe se você é  capaz. Claro, tem aquele quê  de desafio, de superação. Mas quando alguém está dando pouco, muitas vezes esse pouco, é  o máximo que ela consegue. Então o discurso motivador cai por terra. 
Não há discurso motivador, quando por trás da fala há uma crítica que fere. 

15 março, 2022

volta pra mim?

No último  dia 10/03, fez um ano que a Angel morreu. Um ano de dor, de saudades, de ausência, de vazio, de solidão. 
Ouvi da psicóloga se eu achava que essa dor tinha mudado desde sua partida, é tive que responer que sim. Mas não é  um sim de ela diminuiu. Não  não é  que a dor ficou menor. Ela mudou, ficou mais serena, menos súbita e irracional. A dor continua enorme, profunda, só mais silenciosa. 
E porque estou escrevendo isso aqui? Porque da mesma forma que a dor de sua perda não mudou, posso dizer com toda a certeza do mundo, que meu amor por você não mudou. Desejo todos os dias que exista a possibilidade de te reencontrar nessa vida. Desejo que seja possível que você reencarne e me volte pra minha vida. Mas antes de qualquer coisa, desejo sua felicidade, seja aqui comigo seja no céu. E se esse amor que eu  sinto for o mesmo que você sente, e se for sua vontade poder estar comigo de novo, eu estarei aqui. Eu estarei aqui pra sempre pra ser sua mamãe,  sua amiga, sua companheira...  pra ser sua... pra estar com você, pra te amar e cuidar de você. 
Quero muito que você saiba minha querida, que você foi muito importante na minha vida. Você me manteve viva durante anos. Seu amor foi motivo pra eu seguir em frente, pra eu sorrir. Seu amor era o que me movia. 
Me sinto sem rumo sem voce Angelzinha. Confesso, sem você perdi a vontade se seguir em frente... Mas é  em você é em suas lembranças que tento arrumar alguma força pra acordar no dia seguinte e continuar a vida. 
Você sempre será o meu amor, a minha tchukinha, a minha pequenininha... inha filha...Te amo pra sempre.... sinto muitas saudades.... 
 

19 fevereiro, 2022

Criar e produzir como modo de identidade.

Muito do que fazemos na vida segue o mesmo padrão. Escrever textos, fazer roupas, construir casas, curar doenças, construir sites, etc. As mais diversas atividades possíveis possuem em si um método que torna mais fácil alcançar a finalidade proposta. Nesse sentido, qualquer uma das atividades humanas  podem ser entendidas como técnicas, ou seja, um conjunto de procedimentos e regras, que se realizados de modo adequado será possível chegar ao que se desejava,  seja esse desejo um prédio ou um texto.  
Pensa -se com frequência que a tecnologia ou técnica diz respeito apenas a coisas relacionadas com racionalidade e calculabilidade (matemática, engenharia, programação), como se tais características não fizessem parte de atividades humanas, como a arte ou filosofia. Mas, engana -se quem pensa assim. A racionalidade, a lógica, o método, o ser calculável fazem parte de todas as atividades. Para escrever um texto precisamos da ideia, do conhecimento adquirido ou investigação, precisamos saber as regras da linguagem utilizada, e seguir passo a passo a sua construção, através de perguntas  e respostas, exposição de argumentos ou problemas, em busca de uma conclusão, seja ela positiva, negativa ou apenas que faça uma síntese. O mesmo acontece na moda ou na produção de uma arte. No caso da moda, é  preciso ter a ideia, estudarmos materias que serão utilizados, a história da moda, as tendências, cores, texturas, momento social. Todos esses quesitos fazem parte do conhecimento aplicado e do desenvolvimento dos  argumentos, se comparássemos a produção de uma calça à  produção de texto. A produção da moda é  colocar após o estudo os argumentos em execução. Se no texto isso se dá através da escrita, na moda se dá através do corte e da costura das partes. O produto final, acabado é  algo usável, seja na moda na qual você veste a peça, seja na escrita no qual o texto serve de guia de pensamento.  Cada parte costurada de tecido é  equivalente a cada parte escrita de um texto. Vestir uma roupa é  equivalente à  vestir as ideias que foram escritas.  
A produção humana  expõe assim, em seu modo de fazer uma sequência de procedimentos e processos que serão sempre seguidos. Mas também expõe nesse ato de criar a identidade de quem criou. Produzir algo é  ser alguém, é  ter identidade e expô-la, em cada linha escrita, em cada pedaço costurado, em cada tijolo erguido, um remédio descoberto.  Não importa, o que há de mais humano em si, estará lá na sua obra criada.  A obra  não ignora métodos, conhecimentos e racionalidade, mas ela é é a representação do que se é,  ela é  a sensibilidade que existe dentro de si e que transparece para o mundo. 

23 novembro, 2021

Um grito da ausência

Tem dias que são como pedras, difíceis de partir... vc tenta, tenta, tenta mais um pouco e só consegue fazer um arranhão. E na pedra uma marca cicatriza como uma não. 
Tem dias, que a tristeza é  mais forte, os pensamentos fogem, o coração explode...
A ansiedade grita! 
Tem dias que são difíceis, que nada faz sentido, que só ausência sobressai... ausencia de alguém,  ausência de viver, ausência de sentir, ausência de ser... ausencia que o coração não sai. 
Nenhum dia é  igual ao outro, o corpo muda, a cabeça pulsa.  Mas tem alguns dias, que é  como se o mundo girasse sem parar e à toda velocidade, e você só permanecesse no mesmo lugar, sentindo o enjoo do movimento de rodar. 
Tem dias que eu só queria me encontrar, poder me determinar, ser o que eu puder aguentar. Tem dias que sentir faz chorar, que pensar faz a angústia voltar. Tem dias que só queria desejar não estar... ou quem sabe minha presença poder desligar. 
Como seria mais fácil se pudéssemos escolher o que pensar e sentir em cada momento, se como máquinas pudéssemos simplesmente desligar, recarregar e voltar num outro momento. Mas não, não somos máquinas, somos pedra, que de tanto rolar, cair, bater, quicar, vamos deixando um pedaço aqui outro acolá... O que dificulta reencontrar cada parte pra poder nos transformar. 
Não há transformação sem sermos um todo de ausências, de pedaços faltantes... Não há transformação sem enfrentar cada dor extasiante. Mas tem dias, que do meio de uma avalanche, só resta os sentimentos deixar aflorar e expurgar toda aquela ausência dentro da sentença que é  continuar. 

15 outubro, 2021

falta um pedaço

Como superar a dor da morte? Depois de 7 meses sem a minha Angel, afirmo é  insuperável. Eu  sigo  vivivendo, mas com um buraco no peito, uma falta que nunca é  preenchida. Eu sigo vivendo com uma saudades insuportável, com a sensação da presença constante dela aqui comigo. Mas quando me dou conta e percebo que essa sensação é  ao mais uma marca da saudade, eu me desespero, eu choro...Eu  perdi minha filha, meu amor mais sincero. Eu sigo vivendo, mas não sigo completa... um pedaço de mim a morte levou, um pedaço que só  será completado quando eu voltar a te encontrar. Eu te amo infinitamente minha Angel, meu amor.... foi tanto a sua falta, foi tanto... Eu só sigo, pq sei que você me queria bem... Eu não do bem, mas juro que RO tentando ficar nem por você,  para honrar o seu amor. Eu te amo minha Angel e sempre vou te amar. Eu ainda quero me sentir completa novamente quando te reencontrar. 

03 maio, 2021

mais uma despedida

Somos a soma de todas as vivências e pessoas que passaram por nossa vida. 
Cada uma deixou uma marca. 
Algumas as marcas serão eternas, serão lembranças boas que mudarão dentro de noções corações pra sempre. 
Guardo no coração pessoas que me fizeram tanto bem e que nem sabem disso. 
Cada partida, cada despedida, cada até ligo que sei que não vai se realizar, me fere, me machuca... Mas sei que as pessoas precisam seguir seus caminhos, precisam voar, encontrar a felicidade é seus propósitos na vida. 
Espero de todo meu coração que as pessoas que passaram por mim, que me marcaram com amor e amizade, encontrem a felicidade, se sintam completas. 
Sinto saudades de cada uma delas e  gostaria que elas soubessem que me transformaram, que me deram um pedacinho delas que guardo em meu coração.

Escrevo isso, porque chegou o momento de viver mais uma despedida, de uma amiga que ganhou meu coração. Ela se tornou pra mim como uma irmã, uma irmã  mais nova é  verdade... (hahaha qual é  o terno em coreano hein Dona Ana?)  Admiro ela demais, desejo demais toda a felicidade do mundo, todo o  amor do mundo. E  espero que um dia, quem sabe, a gente possa se reencontrar, e que está despedida não seja pra sempre. Minha amizade por você  sempre estará  aqui. Obrigada por tudo. 

Você levará um pedacinho do meu coração com você,  mas tenha certeza que um pedacinho do seu coração também ficará aqui comigo, agarradinho, na soma dos meus sentimentos. 


06 abril, 2021

dor da morte

Minha dor  continua intensa, intensa e escondida dentro de mim. As pessoas não conseguem entender que carrego em mim uma inconformidade com a realidade, que me tira do eixo, que me joga para o sonho e o desejo. 
Queria você de volta Angel... não me conformo com a morte, apesar de saber de sua irreversibilidade, não me conformo  com o andamento do tempo, com o não domínio do acaso, apesar de não ter meio de conte-los. 
A crueldade de Deus é  insuperável. O ciclo que deve ser vivido é  doloroso. Romantizamos a dor, procuramos desculpas que diminuem o que de fato ela é.  A dor da morte, a dor do clico temporal é  insuperável... inventamos pós vidas, esperanças, inventamos possibilidades para diminuir essa dor. Mas ela, apesar de se tornar escondida, é  intocável, inalterável. O tempo apenas a mascara, joga com o seu poder de significação. 
A dor de perder o ser que mais amei na minha vida é  insuportável, a dor de não tê-la presente é  incomensurável. Angel era uma filha pra mim, um pedaço de mim, do meu coração. O tempo levou esse pedaço, e ele não pode ser substituído. Não existe maneira de tomá-lo de volta pra mim. Me sinto incompleta sem a Angelzinha. 
Me sinto também enganada pelas promessas de esperança, de retorno, de nova vida,  de anjos e almas que  fazem parte  da nossa vida e que sempre farão  parte do nosso círculo familiar. Nos auto enganamos com esperança para não sentir dor, ou na tentativa de diminui-la. Mas não há essa possibilidade. A dor da perda, a dor da morte permanece em nós,  porque quem foi perdido era único e exclusivo. A morte nos toma todas as possibilidades, a morte nos toma a chance de felicidade. 
Saudades pequena, eternas saudades minha Angel....sua partida me levou com você....

24 março, 2021

A dor não tem tamanho quando a gente espera por alguém que não pode mais voltar. 

Além de sentir a partida da Angel, hoje ainda é  aniversário de 2 anos de morte da Bibis. 

Mês de março entrando pra história da minha vida, como o mês que me roubou dois amores, a Angel o amor da minha vida , que me completava e esteve comigo por 16 anos, e a Bibis  a gatinha que me conquistou com sua doçura e confiança, que esteve comigo por 4  anos. 

Duas perdas que me marcaram pra sempre, que levaram um pedaço do meu coração junto. 

19 março, 2021

Como seguir sem você?

Muitos me falam que preciso superar e seguir em frente. Outros me falam que o tempo curará. Outros ainda que acreditam em reencarnação e que você voltará pra mim. 

São palavras positivas, são apelos em favor da vida. Sei que a vida é  uma preciosidade, e a sua meu amor, era a maior preciosidade da minha vida. Você iluminava meus dias, ditada o andamento da rotina, encantava com seu jeito doce cada detalhe, me aceitava, me amava sem esperar nada. Eu confiava no seu amor, e, você confiava no meu. Nós  cuidávamos uma  da outra, nós  nos completávamos. 

Minha Angel, minha Tchukinha, minha Mimie, se escrevo aqui sobre minha saudade e minha dor de não  tê-la mais comigo, é  porque não quero mais magoar o  Otto e os demais com meu sofrimento. Mas, meu coração está em pedaços,  meu coração só chama pelo seu. Sinto seu cheiro pela casa, ouço seus miados, sinto sua presença nos detalhes... me pergunto porque não consigo te ver e te tocar? Te amo tão profundamente minha pequeninha. Você me apresentou o real amor, o mais profundo, puro  e sincero. 

O que fazer agora? Como seguir adiante com essa falta? Com essa tão drástica mudança? 
Muitas pessoas não entendem o que estou sentindo, mas além de amor e saudade, sempre será gratidão por ter me aceito da maneira como sou, por ter me amado. 

Será que algum dia essa dor vai passar? Será que algum dia eu vou te reencontrar? Desejo profundamente que nossa história não acabe aqui, não acabe com sua partida. Que Deus tenha compaixão de nosso amor, e permita que possamos nos unir novamente. Está muito difícil seguir sem você Angelzinha.... muito difícil. 

15 março, 2021

A saudade sem fim

Dia 10 de março de 2021 foi sem dúvida o  pior dias da minha vida. Perdi a minha Angel, minha Angelzinha, minha Mimie, minha Tchukinha, minha filha, amiga, companheira de 16 anos. Não conheco a vida em florianopolis sem ela, não conheço como é  estar sozinha sem ela.  Essa dor é  insuportável. Carregada de ausência e de saudade, traz também um ar de incompetência, de impotência  de pequenez... que se transformam em minha cabeça numa espiral que significa crueldade divina.

 Crueldade que não deixa que o amor resista e perdure na presença, no toque, no cheiro e no olhar. Crueldade que permite que aquele ser tão inocente e amável sofra com a dor, não só da doença, mas de ter que deixar seu companheiro e partir. Acho que a crueldade divina  com o humano mora aí. Deus nos deu racionalidade, mas nos fez viver mais do que podemos aguentar, viver para sentir inúmeras dores durante a vida. A crueldade de não poder partir junto com um ser tão amado, ou não poder prolongar a vida desse ser amado é  infinita, é  insuperável. O humano ficou com a razão e o aprendizado durante a vida, mas foi punido com a dor e  a saudade imensuráveis. 
Os animais nos ensinam muito, muito mais do que podemos dar a eles. Eles nos ensinam o real significado da palavra amor, um amor que não cobra, que não  duvida,  não machuca, um amor que apenas aceita e se doa, um amor genuíno e puro.  Um amor impossível de ser encontrado em qualquer ser humano. 

Não sei como vou viver daqui pra frente sem a presença da Angel. Sei que ela estará  nas lembranças e nos gestos, no meu modo de amar. Mas sei que a dor e  a saudade são tão profundas que me escapam palavras pra expressar. Falta sentido possível para continuar. Se existisse uma possibilidade, se uma escolha me fosse dada,  eu ficaria presa no instante mais mágico da minha vida, no instante em que te tinha em meu colo, instante em que sentia sua respiração e o bater de seu coração, seu calor, o toque sedoso dos seus pelinhos, o barulho gosyoso da sua linguinha lambendo as patinhas, o instante do mais puro compartilhar de amor e carinho. Estar com vc me dava paz, segurança. Com você sabia que podia ser o que era apenas, sem disfarces, sem esconderijos. 

Angelzinha, minha menina, o gatinho que me escolheu pra ser sua mamãe, o gatinho que quis estar comigo, que me amou pelo que sou. O gatinho que mudou a minha vida, que me fez amar para além de tudo. Não sei como vou aguentar ficar sem você. Todos me dizem que tenho que aguentar por você, que tenho q honrar o seu amor, mas é  tão difícil, é  tão estranho pensar a vida sem você ao meu lado. 

19 fevereiro, 2021

A recusa

Vivemos num momento de recusa
Vivemos  num momento de engano 
Criamos caminhos na mente 
Criamos obstáculos pra seguir em frente 

As estradas fazem curvas,
Viver um acidente é  terrível
Mas nem todos conseguem seguir 
Nem todos conseguem crescer 

A recusa te puxa 
A recusa te sustenta 
Te reprime
Afinal, o que você poderia ser?

Tantos sonhos, tantas possibilidades
Restou apenas a infantilidade 
Viver dói 
Mas na dor  também há benefícios
Viver dói 
Mas na minha dor posso encontrar a saída
Posso ser alguém de verdade 

A recusa te puxa
A recusa te assombra 
A dor não te abandona 
Mas a vida sim
Pois ela, precisa ser inquirida. 
Ela precisa ser almejada 
Ela precisa ser. 
Recusar é  não ser. 



01 março, 2020

vazio do-eu

Como superar as dores criadas dentro si desde a mais tenra infância? Como superar os abusos, a não atenção, o desleixo com seus sentimentos? Não sei se existe caminho, ou se apenas aprendemos a não  lidar para essas dores. Penso muitas vezes que elas não se curam nunca, mas apenas mudam de sentido. Passam de dores justificadas, para dores sem explicação que devem ser rejeitadas pelo futuro. Sei no entanto que essas dores são parte crucial de dinâmicas criadas, e que por imaturidade, também deixei criar, por ter sido manipulada, por não ter dado limites. 
Isso precisa parar. Não aguento mais não saber mais quem eu sou . Não aguento mais sentir abandono, me sentir sem importância,  sem sentido, sem porque. Não suporto mais a ideia de horas que passam e desejos que não surgem nunca. Que vontade eu tenho? Racionalmente tenho muitas, sentimentalmente nenhuma. 

19 janeiro, 2020

Só talvez

Talvez, só talvez,
o tempo possa explicar
 os caminhos tortuosos que a vida faz.
As curvas que não possuem voltas.
Os pensamentos que ressurgem,
Mas desaparecem.

Talvez, só talvez,
O tempo possa explicar
O quão possível 
Seria entender o incompreensível.
Aceitar o inexplicável.

Talvez, só talvez
O tempo possa explicar
As marcas que ficaram 
Os restos que sobraram

De mim.
Dentro de mim.
Sobre mim.

17 janeiro, 2020

Em um relacionamento

Vc deixa meu coração  acelerado 
E minha respiração  ofegante 
Me seduz com seu poder avassalador
Quando tento fugir, vc me segura fortemente 
Sussura na minha mente palavras que me paralisam 
Reflito, me acalmo, 
Mas sei que nesses momentos
não tenho saída  diante de vc 
Só queria que vc me deixasse só 
Que vc me deixasse seguir em frente 
Ansiedade, pare de ser abusiva!

12 janeiro, 2020

horizonte

Muito além de pensamentos, me encontro em conflitos 
Sem poder resolve-los,  me aflijo. 
No fluxo dos ritmos, no som dos sonhos,
Ao coração recorro.
Não há resposta plausível. 
Nem felicidade possível. 
Há apenas um caminho, que deve ser seguido 
Para além de vontades, restando apenas o respeito à intimidade.  

Construção, destruição, sobreposição.  
Aprender com cada passo para um recomeço. 
Os caminhos se refazem, os sonhos se despedaçam.
Novidades, eventualidades, supérfluas, instáveis. 
 Caminham Para a liberdade sem contestar as passagens.
Caminham para a liberdade sem contestar  as verdades.

11 janeiro, 2020

construindo o futuro

Como compreender sentimentos tão complexos? Certezas que se mostram de maneira tão racional que não  podem ser contraditas. Sentimentos não constroem vidas, atitudes sim. Sentimentos perfazem vida. Sentimentos explicitam possibilidades, mas não as efetivam. As possibilidades precisam de algo além de sentimentos, elas precisam de sonhos para serem seus pilares.

26 julho, 2019

Dores, sonhos e eus

Certas descobertas nos movimentam de dentro pra fora. Certas descobertas são tão velhas e nos assustam, por terem estado sempre ali, mas se apresentam como a novidade que nos reconstroem.
Reconstruções nunca são fáceis. Uma reforma de si pede muito mais do que a simples expectativa do hoje. Como se reconstruir com o que resta do seu passado? Como fazer algo velho ser novo, e ressignificar suas dores e expectativas?
Ressignificar é antes tornar uma dor em sonho. Ressignificar é muito maior que aceitar, é transfigurar a realidade em possibilidade. Mas como dar sentido ao possível? Como transformar o medo em esperança?
Temos obstáculos internos que nos impedem de descobrirmos nossos próprios eus, nossos desejos mais internos. Nos boicotamos a todo instante, considerando a dor a única saída possível, por não acreditar na própria força que existe dentro de nós. Recapitulamos sofrimentos como verdadeiros, impedindo que o ressignificado floresça. Afastar as ditas verdades mais profundas, afastar a sombra dos medos e sofrimentos é a única possibilidade de recomeço, de conquista de sonhos e reconstrução do eu. Afastar todas as ideias pré-concebidas, pré -conceitos estabelecidos, imposições sociais e familiares. Reconstruir cada pedacinho com a verdade que temos dentro de nosso ser, com aquela luz que temos dentro de nós e que nos guia em cada passo, em cada transpor até a clareira... A clareira da mente, a clareira da alma, lá onde encontramos as estrelas.

26 março, 2019

Até logo, minha Bibis

Demorei alguns dias para conseguir escrever aqui sobre isso. Esse blog é como se fosse um caderno de sentimentos e as vezes expressá-los é mais difícil do que se pode imaginar.

Perdi minha Bibis. Ela partiu no último sábado dia 23/03/2019. Não sei se por negligência veterinária ou descuidado por parte do namorido. Sim, pode ter só sido destino, no entanto a Bibis estava com anemia por causa da Felv +  quando foi levada ao veterinário. E a veterinária não fez a transfusao de sangue, não a deixou internada com sonda para se alimentar melhor, sendo que estes procedimentos pelo que pesquisei são consenso nesses caso. Simplesmente deu ricovery e ferro e mandou pra casa. Dureante a noite de sexta, ela piorou muito, e a veterinário disse pra continuar dando comida e soro, somente. Meu gato estava morrendo e mesmo com pedido de socorro, de emergência nada foi feito, só um vamos ver, tem que esperar. Isso magoou demais, um descaso que retirou a chance da minha pequena, da minha bolinha sobreviver e se recuperar.
Eu não estava lá quando ela partiu, eu estava no meio de uma viagem, estava na casa dos meus pais, e tudo aconteceu tão rápido, pouco mais de 24 horas. Nem chegar pra ficar ao lado dela nesse lime tô difícil eu pude. Me culpo pela viagem, talvez ela tenha comido pior sem eu por perto. Culpo o namorido, pois ele não seguiu minhas recomendações para dar as comidinhas, os franguinhos para ela, o que pode ter feito ela perder muito ferro nesses últimos dias. Mas principalmente estou indignada com a veterinária. Eu confiei nela, achei que soubesse o que estava fazendo, entretanto me pergunto o porquê ela não fez a transfusao Jô momento que a Bibis chegou em sua clínica, sendo que ela apresentava as mucosas brancas, com claros sinais de anemia grave. Ela tinha o dever de falar da possibilidade, e eu deveria tomar a decisão. Não me conformo que perdi um grande amor, uma gatinha que me ensinou tanto porque não foi feito tudo que se podia. Ela poderia não ter resistido, sim podia. Mas ainda assim, eu gostaria de ter tentado, pelo menos eu teria a certeza q fiz de tudo para não perdê-la.
Ficou a dor, a saudades, um vazio imenso que nem sei como mensurar. A dor que sinto hoje, não vai passar tão fácil. Lembrar dela correndo, brincando, pegando sol, no meu colo, se esfregando nas minhas perdas, a confiança e amor que ela tinha por mim, dói muito. Eu perdi tudo isso. Eu não pude segurá-la no colo uma última vez. Eu não pude dizer que a  amava muito.  E essa dor, esse vazio de estar no mesmo lugar e não ter ela por perto, não pode ser explicado ou superado.
A Bibis era única, demoramos quase 10 meses para poder fazer carinho nela. Era muito desconfiada e assustada, tinha medo de toda e qualquer mão em sua direção.  Mas depois que confiou mais, começou a se esfregar alucinadamente, e ao se esfregar nas minhas pernas eu fazia carinho nela, sem que ela visse minhas mãos. Depois ao passar do tempo, consegui lhe dar colo, pegar ela no colo e dar uma apertadinha! Ela adorava! E o momento mais feliz da minha vida, quando ela vinha, subia no sofá e no meu colo, e dormia tranquilamente. Agora não terei mais isso, não terei a Bibis no meu colo, não terei o seu amor por perto... Ficou o vazio de não a ver brincando na garagem, de não a ver pegando sol que ela tanto adorava, de não a ver. Pretendo na grana e arranhando uma resto de tronco! Não terei ela andando atrás de mim, não terei ela arranhando a cobrinha na minha porta e tão pouco o som dela bebendo água! E como bebia água! Ficou um amor, uma saudades e uma dor que nunca saberei explicar. Queria vc aqui comigo, mais um tempo, pra compartilhar ainda mais amor. Queria ter tido mais tempo com vc....
Não sei se voltarei a confiar na veterinária, e também não sei se o namorido entendeu a importância de não mudar os hábitos dos gatinhos, não sei se consiguirei não culpá-lo por não ter seguido o que pedi. Só sei, que a morte da Bibis foi uma sucessão de erros, todos erramos é verdade, mas quando há uma vida em jogo, cada erro pode ser fatal, e foi o q houve.
Eu só gostaria de ter estado ao lado da Bibis no momento que ela mais precisou de mim. Eu gostaria de ter salvado a minha Bibis. Eu gostaria que Deus tivesse permitido que ela ficasse mais um tempo comigo. Nunca vou te esquecer, nunca vou esquecer o seu jeitinho e o modo como me olhava... Eu te amo minha Bibis! Eu te amo muito! E não sei como vou seguir a vida sem você. Espero que essa sua partida, seja apenas um até logo...

21 fevereiro, 2019

Um sofrimento

O sofrimento pode ser físico, emocional, mental, momentâneo, duradouro. Pode parecer infinito às vezes, pode nos levar a delírios e tristezas profundas. Quando algo nos machuca e não conseguimos resolver, aquilo passa a pulsar junto com o sangue que corre nas veias, passa a pulsar entre os pensamentos diários, passa a vivenciar cada instante da nossa vida.
Precisamos resolver os sofrimentos, principalmente os emocionais. Eles são os mais perigosos, nos levam a todos os outros. A incerteza da resolução de um problema pode nos tirar de todos os eixos.
Mas qual a solução então? Seria não ter expectiva de solução? Seria guardar o sofrimento e fingir que ele não está em você? A expectativa nos causa ansiedade. Então se conseguimos não alimentá-la, seria um caminho. Mas como não alimentá-la? E fingir a não existência nos leva a loucura.  Fingir a não existência agora pode ser a solução momentânea, mas no decorrer do tempo nos leva a deficiência de nós mesmos, nos leva a um vazio e a transformação do que somos para algo mais distante do  que já fomos ou seremos. Perdemos nosso futuro. Como resolver então?
Os problemas emocionais precisam ser resolvidos, e é preciso partir de si mesmo, entender que existem problemas que só devem ser aceitos, mas que não podem ser resolvidos, pois não dependem de você.  E aos que dependem só de você, para além de uma aceitação, é necessário mudança. Mudança de condutas, mudança de pensamentos, mudança de olhar.

11 janeiro, 2019

As mãos

As mãos falam mais do que gostaríamos. Elas escrevem palavras no papel, passam pra ele o que nossa mente pensa e o que nosso coração sente. Mas as mãos mais do que escreverem palavras, mostram nossa vivência, com seus calos e rugas, manchas e cicatrizes. As mãos dizem se trabalhamos com coisas manuais e duras, se pegamos sol demais, ou se ficamos horas enfornados dentro de uma sala em frente ao computador. Além de contar a nossa história, as mãos também, através de um toque, dizem o que o outro está sentindo, as mãos apaziguam a dor de outro, a mão dá amor, dá dor, dá carinho, dá angústia... A mãos dão adeus. Mas há vários tipos de adeus que as mãos proferem, o adeus das palavras, o adeus da morte, do abraço que aconchega, o adeus do último carinho que não vai mais se repetir. As mãos são o símbolo da humanidade. Elas e seus polegares opositores que nos permitem tantas coisas, pegar coisas, produzir instrumentos variados, tocar música, fazer sinais, escrever  palavras, mas principalmente tocar o outro e dar adeus, reproduzem antes os sentimentos e pensamentos, e não pode haver no mundo junção mais humana que das articulações do coração, da mente e do corpo são formadas. As mãos são a lembrança de um toque, de uma vida, de um sonho... As mãos, e, somente elas, são os sentimentos inscritos no ser de cada um.

06 maio, 2018

Não mais do mesmo

Fazem mais ou menos dois anos que não escrevo nada neste blog. São dois anos que se passaram em silêncio. Estava lendo minha ultima postagem, e ela continua tão atual. Sinal de que o meu estado do espirito anterior não fora modificado até agora. Isso é grave.
Passei muito tempo anestesiada na minha vida. Ainda sinto que a anestesia não passou completamente. Sinto como se algo dentro de mim estivesse partido e o brilho se esvaído. Não me reconheço mais, já faz muito tempo. Aliás, faz muito tempo que sei que me perdi num caminho que não encontro retorno. Dentro de um vazio de vontades, tento entre cores, desenhos e texturas achar um pouco do brilho que se foi. Mas não, não encontro. O cinza, o negro e o branco do vazio permanecem dentro de mim.  Sentimentos se modificaram, os modos de ver as coisas se tornaram mais duros. A minha ingênua inocência se perdeu num caminho que não se faz possível mais. Dizem que a Filosofia é um caminho sem volta, que você passa a ver coisas que não via antes da abertura à Filosofia. No entanto, juntar esta abertura a experiencia vivida da vida, te faz não ter esperanças. Você se depara com um despertar que nunca sairá de seu ser. Um despertar que não tem remédio, não tem remédio algum que te faça dormir novamente. A vida se torna mais negra e sem explicações, mesmo diante das explicações racionais que possa encontrar dentro dos livros. Não explicações de vida, explicações do coração.  Entre cores e texturas, meu coração se pinta de preto e cinza em cada linha. Eu me vejo mais desinteressante. Não tenho mais o mesmo brilho nos olhos que um dia tivera. Continuo a mesma, mas não sou mais a mesma que fui. Ironia do devir. Ironia do tempo e das experiencias. Queria ter permanecido igual. Queria ser a mesma, mas não mais do mesmo sentimento que fora plantado dentro de mim uma tarde de solidão.

25 março, 2016

tudo vira pó

O que significa uma despedida? Despedida? Uma despedida de tudo que já foi e mora dentro de você? Como escrever palavras e depois tentar apagá-las de você? Não vejo solução. Não vejo saída para tantas coisas ditas e que não podem ser esquecidas.  Não vejo como recomeçar. Não há solução para coisas já vividas, não sei se podemos simplesmente esquecer e recomeçar de um ponto para além do passado. O vento te leva, os sentimentos te levam para um caminho sem volta, para um caminho que já fora trilhado antes, e que seu coração quer rejeitar. São tantas mágoas, tantos medos. São tantas dúvidas, tantos pensamentos difíceis de não ter. É tão triste perceber uma história acabar simplesmente. É tão triste os sonhos se esvaírem. Deixei de sonhar.  Perdi a ingenuidade que havia no meu coração. A vida é muito dura. As coisas simplesmente deixam de ser. As coisas simplesmente se destroem, viram pó.

28 abril, 2015

Rédeas onde estás tu?

Tenho me sentido tão desanimada.  Queria tanto fazer tudo que planejei que desejei.  No entanto,  os dias e os momentos estão me levando para longe de tudo que pensei.  O acaso sempre agindo  sem trégua.  Como posso retomar o meu caminho?  Como posso retomar  as rédeas da minha alma?

22 abril, 2015

O adeus das estrelas e dos astros

Às vezes a gente acredita que uma despedida não será dolorida. A gente acredita que fazendo o correto e  o melhor nosso coração vai se acalmar,  no entanto nem sempre o correto e o melhor é  o que a gente realmente quer.  Bate o arrependimento,  bate a saudade. E o pensamento,  de que tudo poderia ter sido diferente, que as dificuldades poderiam ser superadas, aparece. Meu coração está inquieto.  Minha razão sabe que foi melhor.  A saudade será  inevitável... E  o adeus recoará pelos céus através das estrelas e dos astros.

18 abril, 2015

Pensar e sentir

Difícil sentir sem pensar sobre o sentir.
Difícil não se dar conta que para sentir pensamos.
Difícil fazer a mera sensação não perpassar pela mente.

Indelicado seria pensar sem sentir.
Racionalidade  que fazes com meus sentidos?
Razão porque não liberta meu sentir para sentir além de meu pensar?

Certas coisas nos fazem pensar mais do que gostaríamos. Certas coisas nos tomam por inteiro. Palavras nem sempre  podem refletir tudo que está  no espelho de sua alma, no entanto palavras são o que nos sobram quando o olhar e os gestos não conseguem mais dizer. Um vazio para além dos pensamentos. Um encontro que já  não tem significado. E onde encontrá -lo?

Devir

Sente,  dança,
Voa.
Sobrepõe.
Nada fica.

Falta

Tenho sentido falta
de me encontrar comigo mesma.
Tenho sentido falta
de gritar o meu jeito.
Tenho sentido falta
de carregar na mochila
mais coisas da vida.

Muitas vezes sentimos falta, 
E é  tanta coisa que falta
Que identificar a falta que nos falta
Já faz falta.

Queria estar com o que me faz falta agora...

23 dezembro, 2013

Sem ritmo

Sem amor
com dor,
emoção perde,
razão triunfa.

Tensão, correria,
a tarde que caía,
a solidão que chegava.

O tempo e seu tic-tac.
Constante, constante...
Discordante.

Do ritmo da alma que navega,
Os passos que se desfazem.
Não há escolha.
Há destino.

Solidão que se faz.
Pedra rola.
Planta que nasce.
E morre.

E morre junto o amor e a dor.
Morre o individuo e sua consciência.
Que consciência pode haver?

Não há. Apenas.
Nada é. Nada se faz.
O que há é o incontrolável....
o incontrolável que determina o nada,
e multiplica a solidão.

Não era pra ser tempo de amor?

Hoje estive me perguntando quantas pessoas possuem diversos e infinitos medos, receios e preocupações.
Hoje estive me perguntando se as minhas expectativas podem ser compreendidas por outros, ou se ao menos meus medos podem ser amenizados por palavras doces e carinho.

É difícil dizer o que se passa por nossa cabeça, quando estamos diante de situações limite. E aqui digo, situações limite, pois muitas vezes o que nos condena à dor e desesperança não é se quer um pedacinho do que outro pode suportar (ou negar).

Num dia como hoje, pré-véspera de uma das festas que deveria celebrar o amor, a união, a paz, o perdão, a compreensão, enfim, apenas sentimentos bons que deveriam renovar o espirito para o inicio do novo ano, milhares de pessoas estão brigadas com suas famílias e pessoas que amam, pelos mais diversos motivos, como a  incompreensão, a ignorância e princialmente o orgulho.

Ao invés de compartilhar amor, estão compartilhando ódio, dor, angústia. Esses sentimentos nos ensinam muito, sim. Mas também podem maltratar alguém despreparado para enfrentá-los. Eles nos ensinam, mas não são necessários.

Me pergunto, então, o porquê as pessoas não celebram o amor.  Por que as pessoas não procuram se aproximar das que estão distantes e renovar os votos de amor? Por que as pessoas não se elevam, e estendem a mão para aquela que não é mais fraca, e que não consegue dar o primeiro passo para a nobreza do amor?

Presentes, ceias, comidas, nenhuma dessas coisas podem ser significativas se com elas não vier o amor e a compreensão, e  também o perdão e a união.

Hoje, estou sozinha, com o coração repleto de amor para compartilhar. Mas sem ninguém para receber este amor. Talvez ele possa viajar em pensamentos até as pessoas que amo. Talvez ele simplesmente se torne dor e eu tenha que aprender algo com ela. Mas, o que mais queria, era poder estar próximo das pessoas que amo e que elas recebessem esse amor com mais amor.

28 abril, 2013

Para além do nada, somente o Ser pode ser

      E às vezes quando alguém sai pela porta e se depara com a saudade, esse alguém não suporta. E quando a ausência do sublime de sua vida se mostra, o valor do si mesmo se esconde na insuportável verdade do ser. 
      Todos esperam pelo final que sempre está por vir e que não podemos mais escapar... Ao sair pela porta, objetos se fizeram. Ao sair pela porta, cheiros se fizeram, sensações se fizeram. Os sentidos pulsaram, a mente fica em estado de alerta. E ao entrar, tudo se perde, tudo se desfaz. 
      A porta representa a linha tênue da vida e da morte. A porta ao abrir mostra a multiplicidade da vida que nasce, e, que se esconde, com o cerrar dos olhos (da porta!). Ninguém é agora o velho alguém!
       A ideia de permanência por meio de lembranças, feitos e obras, sempre persegue através do medo do esquecimento. Mas para o si, nada permanece ao se fechar a porta. Tudo fica para trás... tudo volta para o nada que o homem não pode conhecer...Obviamente que é aí que mora um mistério que nem a Filosofia ou a Ciência podem conhecer, que a fé tenta explicar... Mistério que faz e se refaz, mistério do Ser.  

25 abril, 2013


Tolerância religiosa??


      E tolerância religiosa não significa dizer que respeita as outras religiões que não a sua, mas sim admitir para si mesmo que a sua não é a melhor nem a mais correta dentre as religiões, e nem que teu Deus é melhor que os outros... (sim, porque tem gente que acha que é tolerante, mas não aceita que Deus pode ser muitos e um só).
     E tolerância religiosa é entender que o teu livro sagrado não é superior do que o de outra religião, mas que Deus apenas brincou com os povos e se fez entender de diversas maneiras conforme as diversas diferenças culturais...
      E afinal o que é tolerância religiosa senão você de fato respeitar todas as outras, sem críticas mal feitas, sem mal dizeres... é saber conviver com toda a diversidade religiosa, buscando para si o melhor de si mesmo, sem se subverter....Não é Deus que determina quem é tolerante, ou quem está mais certo, mas sim nossas atitudes diante do outro... Deus nos deu o livre arbítrio, lembram? É preciso escolher o que podemos e devemos aceitar, sem machucar nossas crenças, mas principalmente sem invadir e desrespeitar a do próximo!

21 novembro, 2012

Palavras da alma

Lutando com as palavras, os sentimentos se velam
O cansaço aparece, o sono se esvai
As palavras não cansam nunca, elas querem fugir
Mas não sobra nada
não sobra nem sentimento
As palavras que sempre me cansam
O sono da alma que sempre se manifesta
As palavras dormem
A alma se desmonta

06 maio, 2012

Sendo, Devindo

de volta à fragilidade,
de volta ao vazio de apenas ser,
ser que continua sendo e deixa de ser logo em seguida,
segue sua dança diante dos dias...

dança a dança da vida o ser de meu sendo...
dance sem párar,
porque o tempo também não pára para me esperar...

e as folhas, e o vento, e a terra,
tudo continua sendo em sua dança inconstantemente constante....
segue, segue...vai!
Não deixe de ser
 nem por um segundo o que deve ser..
Deixa o seu mundo gritar
dentro de si....

Sendo, sendo,
sendo a cada passagem...
continua, continua
a cada nova virada....

03 outubro, 2011

Pensamentos

Pensamentos viáveis, pensamentos injuriáveis.
Serenidade, silêncio da dor.
Silêncio, dor manifesta.
Pensamentos serenos, pensamentos dolorosos,
Todos no silêncio da alma.

18 maio, 2011

10 ANOS DE SAUDADES

Hoje uma estranha tristeza tomou conta de mim... Um coração cheio de cicatrizes se mostra numa menina de apenas 24 anos. 
Talvez essa não seja a melhor maneira de mostrar o quanto esses 10 anos que se passaram, deixaram marcas. Certas marcas não podem ser apagadas, e tão pouco podem ser esquecidas. Nos acostumamos a  lembrar apenas das coisas ruins, afinal são elas que nos forçam à crescer, à envelhecer a alma.
Talvez meus olhos já demonstrem o quanto envelheci nesses últimos 10 anos. Humm, é engraçado falar assim: "os últimos 10 anos..."; afinal parece que tenho uns 50 e só tenho 24. Os últimos 10 anos foram a metade de minha pequena existência consciente. A metade de uma existência que como qualquer outra carrega marcas que doem muito... Lembranças belas, felizes que sempre vêem acompanhadas de outras dolorosas...
Como esquece-las? Como viver com elas? Como é possível lembrar de cada uma e não sentir nada? Acredito sinceramente que os últimos 10 anos foram os mais difíceis, e que, é essa fase, por qual passei, que é a mais difícil pra qualquer existência. Nesses últimos 10 anos tive de perder a inocência, encarar dores insuportáveis, cicatrizar feridas e tentar continuar em frente, virar mais responsável... Acredito que por isso se passa de fase como num vídeo game, e se vira adulto... Porque ser adulto é entender que há sofrimentos inevitáveis, sofrimentos que nunca serão apagados por completo, porque já não existe mais inocência, ela foi morta em algum lugar do cominho percorrido... Talvez seja por isso que o amor para o humano é tão importante... talvez seja porque o amor trás de volta à vida um pouquinho daquela inocência trucidada... um pouquinho que havia restado e estava escondido no fundinho do coração, com medo de sair e se ferir, com medo de não sobreviver ao que a vida ainda nos reserva.

Foram tantos momentos que me deixaram marcas... mas quero hoje dia 18/05/2011, relembrar uma momento, um momento que marca enfim o inicio dos meus últimos 10 anos, foi ali que meu pequeno e jovem coração recebeu a primeira e verdadeira marca, talvez a mais difícil e inesquecível devido a minha idade na época:
Com 14 anos, ao voltar da escola conversando com um amigo,  o Faquir, sobre armas, que fez questão de me deixar em casa, resolvi fazer minhas unhas como sempre fazia nas sextas-feiras, mas desta vez não liguei a TV e nem vi o jornal regional... E no silencio de minha casa recebo por volta das 20:30h um telefonema desesperado de meu irmão, dizendo que o ELFO havia se matado... Estranhamente, o Faquir era também era amigo do ELFO, e estranhamente ele morreu com tiros... a morte de um amigo, um amigo que eu admirava muito, por todo seu caráter, amizade e porque não dizer amor? Sim! Ele tinha um amor e uma paixão pela vida que eu admirava muito, seus olhos me diziam isso, e eu desejava que ele continuasse sendo meu amigo, que ele continuasse  sendo o que ele era, uma pessoa tão especial e especial por sua sinceridade e ousadia, por seu amor à vida e às pequenas coisas da vida... ele nunca cometeria suicídio.... Nunca havia visto meu irmão chorar com tanta sinceridade como vi naquele dia... nunca vou esquecer a dor que vi em seus olhos... Depois de um tempo, de um enterro e um velório doloroso, a verdade se desvela... Ele não se matou e nem matou a namorada, a certeza era que a policia havia entrado atirando, por causa de uma situação tão dúbia... Ele havia ido cobrar um colega, ele havia vendido cartas de magic para esse colega, e havia vendido para ajudar a mãe dele... Mas esse colega se recusou a pagar, eles brigaram, e no meio da confusão o colega cobrado,chamou a policia que entrou atirando... O fato é que esse colega negou que conhecia o ELFO, o fato é que ele disse que estava sendo assaltado, o fato é que ele matou um amigo... ele é o culpado por ter mentido ao chamar a policia, e após o ocorrido ainda continuar negando... Droga!! Eles se conheciam, ele haviam realizado juntos um campeonato de RPG no shopping da cidade! E a policia tentou esconder que havia matado dois adolescentes falando de suicídio, mas O ELFO levou 7 tiros e sua namorada, um no olho esquerdo... Nunca vou esquecer que no dia anterior ao ocorrido o ELFO foi até a minha casa, mas não subiu, e nesse dia ele e meu irmão voltaram a se falar... O ELFO havia brigado com meu irmão, pois ele havia visto meu irmão me batendo... grande besteira de irmãos... tentei varias vezes fazer o ELFO falar com meu irmão durante essa briguinha, mas só um dia antes eles voltaram a se falar... só um dia antes... e nesse dia eu não fui falar com ele, e me lembro de ter pensado: amanha falo com ele, estou com preguiça de descer... Não houve amanhã... Mas pelo menos meu irmão e o ELFO retomaram um amizade tão bonita... eles eram quase irmãos, irmãos de coração... e eu me sentia a irmãzinha caçula dos dois, que aprendia com as conversas deles, e que eles juntos me ensinavam muito... O ELFOaté lembrou que eu dava vários cartõeszinhos para a mãe dele... ela havia sido minha professora de educação artística no ensino fundamental... Sempre que ele me encontrava voltando da escola sozinha, ele fazia questão de me deixar em casa, como um irmão faz... como ele fazia com os irmãos dele... sempre o via levando seu irmãozinho pra escola e pra casa... Saudades amigo! Já fazem 10 anos! Saudades... Espero que onde quer que você esteja, estejas feliz e que não fique com estas lágrimas que hoje choro por você, e que muitos devem estar chorando junto comigo, por que são lágrimas de um sincero amor... são lágrimas de saudades, saudades de um amigo muito querido... Sempre que olho pro céu eu tenho a certeza que você é a estrela mais bonita, brilhando pra deixar as noites mais bonitas e doces... Sei que estás olhando por cada um de nós... eu acredito nisso...

02 maio, 2011

Existe a felicidade?


É muito difícil falar de si mesmo sem falar do meio em que estamos.
É muito difícil falar de si mesmo sem ao menos mencionar o fato como as coisas ocorrem e porque estamos sempre dispostos à mudança.
As mudanças ocorrem e muitas vezes nem nos damos conta disso.
O fato é que nos entregamos ao mundo e a vida de uma maneira sublime, que até mesmo os problemas, o sofrer e a dor fazem parte desse se entregar.
O que seria então de nós mesmos senão fossemos constituídos de opostos que se completam e nos complementam? Como seria a nossa vida se não encontrássemos nas adversidades a força para continuar?
O homem sempre buscou a felicidade, mas nunca percebeu que existem momentos que podemos chamar de momentos de veras felizes. O homem sempre teve o anseio de querer mais felicidade e esqueceu de viver a cada segundo como se este fosse o mais feliz e importante.
Obviamente o futuro incerto nos causa angústia e inquietação (estou inquieta agora), contudo sei que vivi momentos felizes que me enchem a alma de alegria e sublimação quando me recordo deles. Assim como todos os homens quero momentos de felicidade (não creio ser possível alcançar uma felicidade extrema), mas quero momentos em que eu possa dizer: - Sim! Estou feliz! Sinto-me leve como um pedaço de nuvem, ou como a brisa fria que balança as águas!

22 abril, 2011

Com o tempo a vida se faz

Quem de nós não está sujeito ao tempo? Não é possível dizer... Aliás acredito sinceramente que o tempo alimenta cada uma das vidas existentes com suas formas mais cruéis e surpreendentes possíveis.  Sem o tempo não nos modificaríamos, não seríamos mutáveis e flexíveis. Sem o tempo não seria possível aprender, e nem mesmo envelhecer com dignidade. Muitos acham que envelhecer é ruim e desastroso. Mas prefiro afirmar o que nossos pais sempre dizem e os pais de nossos pais também reafirmam : os mais velhos sabem mais do que nós, eles tem conhecimento de vida, eles tem sabedoria. O que eles tem a mais do que nós se refere a vivência que tiveram do mundo, e que nós ainda não tivemos. Eles podem não ter estudado o tanto que estudamos, ou nem mesmo saber como funciona um computador e os meios tecnológicos que hoje possuímos, mas eles sabem da vida. Sabem das peças que elas nos pregam; sabem quais reações serão geradas quando diante de um determinado fato; e no fundo sabem o que cada pessoa espera de uma outra numa determinada situação. Nossos pais sabem de nossas aflições, de nossos problemas e desejos. E não apenas porque são nossos pais, mas sim porque conhecem a vida.


Numa conversa com minha vó nas férias, aprendi muito, apesar dela não saber que estava me ensinando. Ela me contou fatos surpreendentes, falou de sua própria vida, do que gosta ou não de fazer. Falou de seus sacrifícios pelos filhos, de suas tristezas e alegrias. Me causou espanto (no sentido filosófico) com sua fé. Ela, ali, não sabia que estava me ensinando, e mal sabia o bem que me fazia. Mas ela, ali, me ajudou a crescer, me ajudou a reavaliar meus valores e desejos, meus compromissos e inquietações.


Assim como nessa conversa eu cresci, aprendi e me tornei um pouquinho sábia com relação a vida, posso dizer que com meus erros e com os erros de meus amigos, bem como com meus acertos e os acertos de meus amigos; ou simplesmente em conversas, leituras, aulas, festas, ficadas, brigas, namoros, filmes, músicas -- todas essas coisas que nos fazem um pouco mais nós mesmos e que nos fazem saber e sentir que estamos vivos -- com todas essas vivências foi possível crescer.


Me sinto mais velha hoje, e sinto saudades da adolescente e da criança que fui. Sinto falta da minha inocência, apesar de não a ter perdido por completo. Ao mesmo tempo não sinto falta alguma, porque cada detalhe, cada coisinha que vivi está em mim, no que sou hoje. Mas talvez me orgulhe de ainda manter uma ingenuidade romântica. Se me sinto melhor comigo hoje do que ontem? Bem não sei exatamente responder, mas arrisco à dizer que sim. Talvez possua um único arrependimento na vida, e este talvez meus amigos mais próximos saibam qual é, mesmo sem precisar que eu fale.


Certas coisas que vivemos nos deixam marcas que nunca serão fechadas por completo. Lembro de coisas de minha infância e de minha adolescência que me marcaram muito. Me lembro de chacotas na infância por ser gordinha; me lembro de outras chacotas na adolescência por ser a menina estranha que ouvia rock e vestia preto; e outras ainda por ser branquinha. Me lembro dos olhares ao dizer que faria Filosofia. Me lembro com muita dor da morte de um amigo que via como um irmão (Saudades Elfo!). Me lembro dos meus medos, angústias e sonhos (muitos deles perdidos com o passar do tempo). Me lembro das promessas que fiz e que me fizeram, das juras de amor eterno que nunca se cumpririam (hoje lembro disso sem remorso, e sei o quanto tudo parece tão desastroso para um adolescente). Mas sei também que tudo é necessário para que envelheçamos com saúde; aprendendo sempre, nos tornando mais sábios. Me lembro de brigas, discussões, brincadeiras, passeios, conversas na escada da minha casa (aaahhh se aquelas escadas falassem!)


Óbvio que sinto saudades de cada momento: dos ruins porque foram com eles que me tornei mais forte; e dos bons porque com eles aprendi a levar a vida com mais beleza e satisfação. Mas o tempo nos leva, a cada um de nós e, desta maneira,  nos resta viver o tempo que se prolonga com cada instante que passa. Só com o tempo foi possível cada vivência, cada experiência. E somente com ele será possível viver cada vez mais e mais. Somente com ele é possível envelhecer e nos tornar um pouco mais nós mesmos.


Sou o conjunto de minhas vivências! (Os filósofos da corrente fenomenológica e existencial, adorariam essa frase. Aliás, acredito que seja de um deles uma frase bem similar à esta, só não consegui lembrar a fonte exata). E junto com as minhas vivências vem o tempo, inseparável e indispensável . Somente com o tempo é que concretizo as minhas vivências; a cada instante do tempo eu vivo, sou e estou aqui.

27 agosto, 2010

A Filosofia pensa o Humano? (cont.)

Tentarei nas próximas linhas, elucidar as dúvidas do Bruno - comentário do texto anterior.

Pois bem, a questão aqui não é o pensar a arte pela arte, e nem produzir por produzir um artefacto; o caso aqui é que o humano necessita fazer, produzir, conhecer, expressar. Ele está a todo momento se autoconstruindo, se afirmando, se singularizando, buscando sua autenticidade - são várias as terminologias usadas pelo filósofos durante a história da filosofia. Resumindo, poderia definir o ser humano como  "homo faber", ele faz coisas, mas o faz por e para algo, faz pois deseja, quer, e principalmente projecta a sua vida em meio aos múltiplos desejos, características que nos levam a dizer que em tudo que o homem faz  encontra-se ali a intencionalidade . Obviamente que criar e produzir são diferentes de actuar, e estas ações também  dependem de aspectos do acaso, afinal a pólvora foi criada por acaso, mas só aplicada muito mais tarde, não? Entendo aqui actuar como um simplesmente acontecer, andar, ou uma pedra cair, ao passo que criar e produzir (no sentido moderno-contemporâneo) depende de uma inteligência ou mentalidade técnica, ou seja, uma maneira de pensar que foi introduzida no humano através do produzir e fazer técnico.  Lembrando que os gregos nomeavam os artefactos técnicos/ utilitários e os artísticos através da mesma palavra: TECHNE.

Essa exposição inicial foi necessária para afirmar que não há arte sem sentimento ou expressão de algo - interpretação do mundo- se não existisse essas duas características na arte, produzir um quadro seria como produzir um carro nas linhas de produção, e essa não é a ideia da arte. O homem produz arte e artefactos porque possuem um objetivo com elas: os artefactos técnicos são por excelência uma intervenção no mundo, mas essa intervenção possui como finalidade a busca pelo bem-estar do homem, facilitando a supressão de suas necessidades. Mas não só isso, o homem ama produzir  (conhecimento, arte, objetos), caso contrário o que seria de nosso existir se vivêssemos para nos alimentar e dormir? Pra que buscamos conhecer se não amassemos conhecer? É nossa essência conhecer, agir, e produzir. E a arte em si requer sentimento, interpretação, sensibilidade, e passar tais aspectos é o objetivo dela em si mesma.

Quanto a pensar o Humano sem atribuir o aspecto humano ao humano, posso dizer que ao se perguntar se isso é possível, já estás se autoafirmando como humano. É impossível pensar-nos sem algo que já nos caracteriza a priori. Qualquer intervenção que pensarmos estar fazendo em nossa humanidade, tentando ir contra ela, na verdade estaremos afirmando-a, pois estaremos exercitando o nosso desejo de mudar, criar, construir, aprender, conhecer, expressar, etc..

Respondi?

25 agosto, 2010

A Filosofia pensa o Humano?

Estive pensando hoje, durante a tarde, enquanto lia Ortega y Gasset, e cheguei a uma conclusão um tanto engraçada e simplória: como filósofa sou apaixonada pelo o que é Humano, assim como os engenheiros pelos artefatos técnicos, os físicos pelos fenômenos do universo, os sociólogos pelos fenômenos sociais, os biologos pelas seres da natureza, os artistas pelos objetos artistícos, etc.. Mas há algo em comum em tudas essas paixões, todos são apaixonados pela criação, criação humana ou divina, mas entregue à força do acaso e da contingência.

No fundo quando a Filosofia pensa a natureza, ela está pensando como é a visão humana da natureza e não ela mesma; quando a Filosofia pensa a arte, está pensando como é a visão humana da arte e não ela mesma; quando a Filosofia pensa a técnica, está pensando a visão humana sobre a técnica e não ela mesma, quando a Filosofia pensa a ciência, está pensando a visão humana sobre a ciência e não ela mesma; e assim por diante. Mas e quando a Filosofia pensa o Humano, pois bem, ela está pensando a visão que nós humanos temos de nós mesmos, isso não parece óbvio? Não?



11 julho, 2010

E o mundo das maravilhas de Alice, é de fato um mundo verdadeiramente encantado?

 
Por: Vanessa Delazeri Mocellin
Florianópolis, 30 de Junho de 2010.

A idéia deste pequeno ensaio surgiu por ocasião do lançamento do filme “Alice no país das maravilhas” de Tim Burton, em meio a todo o alvoroço de mais uma super produção e a dificuldade de se conseguir até mesmo ingressos para o mesmo dia, afinal, comentavam as garotas na fila, o Johnny Depp deve estar lindo no filme! Foi minha insistência e paciência que me jogou dentro de uma sala lotada — não havia uma poltrona vazia — e na qual poderia reviver uma grande emoção relembrando um conto infantil que havia me marcado muito na minha própria infância — jamais pude esquecer-me daquela menininha que caiu no buraco do coelho e que também atravessou o espelho...
Tentarei, mesmo que fugindo de todo o academicismo esperado, escrever de forma livre e até mesmo mais sintética do que gostaria, e tomar a obra pela obra, o estilo nonsense, pelo estilo, e apenas por ele. Fugindo das considerações históricas sobre o autor Lewis Carroll, e principalmente de outras interpretações, psicanalíticas ou não, dos símbolos contidos na obra. Usarei também algumas considerações do filme, visto ter sido ele que me despertou novamente o desejo de desvendar os segredos de Alice.
Como qualquer espectador de uma obra, é difícil fugir da minha condição de espectador e principalmente de fugir da condição de ente lançado no mundo metafísico, ou seja, de alguém que vive e convive com todas as técnicas empregadas em todas as situações, ou seja, em meio à maquinação e a vivência, usando as palavras de Martin Heidegger em “Aportes a la Filosofía – Acerda Del Evento”. Estas — a maquinação e a vivência — são a expressão mais gritante do que Platão construiu com o seu mundo das idéias, transformando a natureza e o mundo em coisas, ou seja, coisificando-as, e, portanto, em metafísica; e da apropriação disso feita pelo cristianismo com seu Deus criador e o advento da ciência moderna, transformaram o homem em também criador de entes. De fato, sei que usar uma representação como um filme ou um “conto-livro”, infantil e clássico, que leva às salas de cinema milhões, mesmo sem este público ter nenhuma noção do que veria na tela, é também estar no paradigma da metafísica que Heidegger insiste em dizer que deve ser superado para a implantação de um novo começo. Digo isso, porque muitos esperavam ver apenas uma super-replicação-cheia-de-efeitos-especiais, não que o filme não seja de fato cheio de efeitos especiais, mas será que ninguém se lembrava daquela garotinha muito curiosa e que apesar de achar tudo muito estranho no mundo das maravilhas, ainda assim estava ali para descobrir o novo? Será que ninguém sairia correndo atraído pelo coelho, e não apenas por impulso, mas por decisão se jogaria no buraco no qual ele entrara? Será que alguém ao menos se questionaria sobre o porquê estava ali para assistir o filme, claro ressaltando outro motivo que não o fato de ser uma superprodução cinematográfica?
Pois bem, é esta passagem, a entrada na toca do coelho, que aqui é o mais importante. A passagem para o desconhecido. A coragem de sair do mundo cheio de representações, marcado pela técnica moderna, e caminhar para o total desconhecido. Essa passagem que também poderia ser feita com o questionamento do porque não se questiona o fato de estar ali para assistir uma superprodução, ou seja, questionando a falta de questionamento. Mas, o que será que a pequena Alice sentiu ao se deparar com aquela sala cheia de portas, com uma pequena chave que apenas abria uma porta muito menor do que ela, com a bebida de crescer e o bolinho de encolher?   Poderia responder através da lembrança de uma passagem do texto, no qual suas lágrimas diante da impossibilidade de passar pela portinhola — a passagem da sala ao belíssimo jardim — alagaram a sala onde Alice estava, que ela sentiu temor, medo, e ao mesmo tempo sentiu admiração e espanto. Alice estava no limiar entre o novo começo e a velha metafísica. A pequena Alice não poderia saber o quão importante aquela situação poderia ser para o entendimento do próprio seer, afinal como saber algo sobre o total desconhecido? Se por um instante Alice segue o coelho por causa do encanto que lhe causou, e a possibilidade da vivência, noutro Alice salta, salta para um mundo ainda mais encantado do que o dela, um mundo carregado de surpresas e inesperadas revelações, um mundo no qual o sagrado está presente até nos detalhes, ações e pensamentos, um lugar no qual o silencio é também sagrado, mas o resto todo também.
Alice caminha no limiar entre a Metafísica e o Novo começo, ela olha para dentro do buraco do coelho, ela está admirada pela coelho de colete e relógio, mas esse olhar é o instante que separa e propulsiona aquela menininha para a possibilidade do novo começo. Óbvio que ela ainda está carregada de ambigüidade, afinal houve uma passagem, e essa passagem não se dá subitamente, pois a violência do novo começo só pode ser o anunciar de um último deus, e não uma violência como a maquinação que domina.  
Então se pode dizer que Alice salta a procura de algo que desconhece e que lhe causa temor e espanto. Alice entra no mundo das maravilhas, que é realmente encantado, mas ele é encantado porque já não é mais aquele mundo da metafísica onde tudo era dominado pelo próprio homem e sua “techne”, ali no mundo das maravilhas Alice estava à mercê do inesperado e do incomum, mas que podia ser alimentado pela pergunta tão súbita e irrespondível de maneira desveladora se posta no mundo da metafísica, a pergunta sobre quem de fato ela era: Alice se pergunta sobre quem ela é após crescer e diminuir, pensa que mudou, que se transformou em outra pessoa, uma de suas amiguinhas: Quem eu sou? Mas, Alice é questionada sobre quem de fato ela é ao se deparar com a lagarta azul que fumava narguilê: Quem é você pergunta a lagarta! Ela confusa não sabe responder! Reclama de suas mudanças, e de seu tamanho. Reclama por não estar acostumada com o inesperado. Mas, afinal quem está? Se acostumar com o inesperado é maquinação e vivência! Mas, se acostumar com as mudanças, por entender o que é transitório é chegar ao seer.
Para a pequenina lagarta a transformação era algo muito comum e fácil de ser compreendida: se doar a uma nova verdade mais profunda e reveladora não assustava em nada a lagarta, mas atormentava Alice.  Ela não sabia mais quem era, mas no momento, imersa na metafísica se preocupava com seu tamanho. Ela não sabia que não era dessa simples mudança de tamanho que a lagarta estava questionando! Ser pequena ou grande no sentido ôntico não cabia ali, o importante era ser grande, mas no sentido do seer, e para isso era necessário responder a pergunta: Quem eu sou?
Alice deveria entender os elementos do novo começo ali situados, para entender que ao final dessa aventura situada no entre de dois começos, num que estava por fim e outro no iniciar, que ela estaria diante de um silenciar do ente que ressoa no seer e o desperta como o mais fundamental. E Alice vai continuar a se perguntar pelo quem é: essa pergunta é a grande abertura para o seer se expor, ou melhor, para que se possa apontar para uma verdade do seer. Do mundo das maravilhas, aquela menininha sairá ciente do novo começo, mas ainda com o risco de cair no mundo metafísico. Mas antes do término de suas aventuras, ela aprenderá diante das duas rainhas, a branca e a vermelha, os dois pontos contrários dos começos: o primeiro começo, ou a rainha vermelha é a dominação e a fundação do ente; e o novo começo, ou a rainha branca, é a fundação do seer que entende a ambigüidade entre mundo e terra. O grande chapeleiro é a própria ambigüidade, que se perde no tempo e se configura como o amor, mas que sabe apontar para o sagrado, pois já o experimentou. O chapeleiro perde as estribeiras exatamente por vivenciar a maquinação no mundo do sagrado.
Esses elementos, aqui pincelados, para não me estender demais, levam Alice para o dia Fabuloso, dia este em que ela saberá o que é o sagrado, e entenderá a dualidade do primeiro e do novo começo, que ainda misturados devem travar uma batalha dificílima, mas que terá como vencedor o último deus. Alice mata o Deus cristão, e como premiação recebe da rainha branca um pouco de seu sangue, e este a levará para onde desejar, ou melhor, lhe dará o que quiser. Mas o que querer? Mas o que desejar? O novo começo não é isento de desejos? Talvez não o seja! Não sabemos! E Alice toma o sangue e deseja retornar a sua casa, para decidir sobre o que havia deixado para trás. Alice decide, e decide pela abertura ao novo começo, decide ficar próxima ao mundo das maravilhas, e chegar ao que a ciência chamou de impossível. Alice abre as portas para encontrar e alimentar em si o sagrado. Alice inicia o novo começo em busca do último deus. Ela caminha rumo ao desconhecido, temendo, mas não se deixando dominar: Alice vive o verdadeiro encantamento do mundo das maravilhas! Alice vive o verdadeiro encantamento do mundo das maravilhas que é direcionado ao questionamento do seer. Alice se põe a procura pelo mais fundamental que pode responder a pergunta “Quem eu sou?” ou “Quem é Você?”, e essa resposta ela descobriu no mundo das maravilhas: o seer, e não simplesmente o ente.